segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Na senda dos Pioneiros.M.Hessel.

NA SENDA DOS PIONEIROS.
Aportamos, meu pai, meu tio e outros companheiros de viagem, ao porto do Rio de Janeiro em 23 de outubro de 1907. 0 grupo de 11 pessoas provinha de Cracóvia, na época sob a ocupação austríaca.. Um futuro mais promissor levou-nos a procurar esta terra, naquele tempo mal conhecida.
Enquanto aguardávamos o navio da marinha mercante que nos transladaria até o porto de Paranaguá, para dali prosseguir até União da Vitória, meta final de nossa viagem,fomos alojados na ilha das Flores, na Baia da Guanabara.
Em Paranaguá conhecemos o primeiro polonês, em terras bra­sileiras. Era o Coronel Bodziak. Conquistou a distinção militar na parti­cipação da revolução, deflagrada após a proclamação da República, em razão da mudança política da abolição do império. Nesta fase o Brasil possuia apenas "exércitos" voluntários, organizados por homens influentes. Os di­rigentes dessa companhias intitulavam-se "coronéis". Os poloneses residen­tes no Paraná organizaram dois regimentos e tomaram parte ativa na revolu­ção. Um deles era chefiado pelo coronel Bodziak e o segundo por Adam Bertold, de nacionalidade alemã, mas com perfeito dominio da lingua    polonesa. Com a pacificação dos agrupamentos beligerantes: Maragatos e Picapaus, os títulos conquistados pelos chefes foram mantidos, até o final de suas vidas. Apesar da pacificação, os coronéis, conservaram por largos anos regimentos sob suas ordens e freqüentemente realizavam manifestações no interior do país. A influência principal fazia-se sentir por ocasião dos embates eleitorais, pois apoiavam pessoas influentes na Capital da Repúbli­ca ou nas unidades federativas.
No dia seguinte prosseguimos a viagem até Curitiba, en­cantados com o panorama belo e selvagem da Serra do Mar. Ao entardecer estávamos no planalto de Curitiba. Uma comitiva de poloneses no aguardava. A recepção foi festiva. Entre os presentes estavam os redatores das jor­nais "Gazeta Polska" e "Polak w Brazylii" e representantes da sociedades locais. Fomos alojados num dos hotéis e palestramos até altas horas da madrugada. A nossa permanência em Curitiba prolongou-se por alguns dias.

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Curitiba era una simpática cidade. Os bondes era dos por muares. As calçadas da Rua XV, principal artéria, e incômodas . Duas passoas encontravam dificuldades para   cruzarem. O movimento era relativamente grande.                                                                                                                                                                               o-vimento era relativamente grande.
Os serviços consulares eram atendidos por um represente da Áustria, Miguel Okencki, um verdadeiro polonês. Atendia , indistin­tamente a todos os poloneses, provenientes das regiões ocupadas pelas tres potências. Era conhecido universalmente como o cônsul polonês, embora es­tivéssemos bem longe da 1ª Guerra mundial e a Polônia não existisse, como nação independente. 0 governo brasileiro,igualmente lhe dispensava um tratamento, como se fosse cônsul polonês. Enviava lhe os poloneses e prestava-lhe auxílios em assuntos atinentes a colônia polonesa. Fomos recebi­dos pelo cônsul cordialmente.
"Gazeta Polska" e "Polak w Brazylii" eram os dois jornais poloneses existentes na época em Curitiba. O primeiro deles se­guia uma orientação clerical e era dirigido por Leon Bielecki. "Polak w Brazylii" pertencia ao senhor Casemiro Warchalowski, que adotou uma linha maleável. Ao viajar para a  Europa deixou em seu lugar como redator o senhor Hempel, conhecido radical que mudou a fisionomia do periódico. A mudança originou uma guerra ideológica, atraindo sobre o jornal os raios de cólera de todo o clero, bem como a condenação por parte da ala conser­vadora da colônia. Deflagrou-se uma apaixonante batalha entre os dois jor­nais. Alarmado com os rumos de seu jornal, Warchalowski abreviou sua via­gem e retornou ao Paraná. A luta aprofundou tanto as divergências que sua volta de nada adiantou. Era impossível voltar atrás. 0 proprietário, sem que o desejasse expressamente viu-se envolvido na refrega. Deste mo­mento a colônia dividiu-se em dois blocos, permanecendo , ate a fase da nacionalização.
Em Curitiba existiam "Zwiazek Polski", "Lacznosc e Zgoda" e "Tadeusz Kosciuszko" sociedades polonesas, i posteriormente outras. Nas proximidades da Capital existiam as seguintes colônias polone­sas: Santa Cândida, Nova Polônia, Lamenha Pequena, Lamenha Grande, Nova Orleans, Thomás Coelho, Araucária, Campo Largo, Santo Inácio, Dom  Pedro e Campo Magro,  além  dos que habitavam em Curitiba , dedicando-se a inúmeras profissões


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Segundo estimativas da época, os poloneses constituiam 20% da população curitibana. Em vista disso não causa estranhesa o fato de que cada casa c mercial servia-se da lingua  polonesa. As principais colônias possuiam igreja,  servida por um sacerdote polonês. Algumas  tinham suas escolas, quase sempre dirigidas por irmãs. Em Curitiba existia um consideravel grupo de intelectuais, tais como família Kikoszewski, Salamonowicz, Warchalowski, Bielecki, Bandaszewski, Durski e outras, cujos nomes não recordo.  Grande parte  dos intelectuais veio após a revolução de 1905.
Era sobremaneira doloroso o tratamento dispensado aos nossos colonos. Chamavam-nos de "polaco "burro". As causas desse trato pejorativo rendiam em várias razoes. Os primeiros imigrantes compunham-se de elementos pauperrimos, oriundos das aldeias; muitos viveram o regime senhorial. Embarcaram para o Brasil, pois a viagem não lhes custava nada. Com   abolição da escravatura, as plantações de café, desprovidas da mão de obra escrava, demandavam novos trabalhadores. O mercado de trabalho        exigia novos braços para substituir o escravo. Os plantadores de café viam no polonês, recém-liberto da "escravidão senhorial", na região ocupada pela Rússia, um excelente trabalhador. Sob a influência e algumas vezes pressionados pelo fazendeiro do café, organizaram-se agências que propagavam nas aldeias po­lonesas as condições sobremodo contagiosas, principalmente para o colono que necessitava de terra. Ofereciam a viagem grátis e outros beneficios aos  voluntários.
As condições nas fazendas de café eram diversas. Alguns firmavam contratos de trabalho, outros recebiam  terras; outros eram convidados para trabalhar na construção de estradas de ferro. Com estas ofertas surgiu  "fe­bre  Migratória". Milhares de polonesas foram levados para o Brasil. Os que dispunham de recursos, suficientes para custear a passagem, foram para Estados Os abandonados, os que nao tinham nenhuma condição vieram ao nosso país. Na há que estranhar que aqui eles foram explorados e tratados como escravos.  Os consulados fizeram ouvidos moucos aos reclamos do imigran­te, uma vez que isto pouco importava aos paises dominantes.Estes, entre outros, são os fatos responsáveis pela difusão da expressão: “polaco burro".

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Após a vinda de inúmeros intelectuais, o tratamento dispensado ao imigrante polonês, melhorou.
   0 sol declinava no horizonte quanto divisamos as primeiras silhuetas de uma cidade no meio de campos. Era Ponta Grossa, a segunda em tamanho e importância, depois de Curitiba...
É  um iportante tronco da estrada de ferro. Dali partem os trilhos para três direções. Nos dias em que ali aportados, o tronco sul en­contrava-se em construção, que somente foi concluido anos mais tarde. No dia seguinte, continuamos a nossa viagem até a última estação da construção férrea, além da qual estendia-se uma densa  floresta, que mais tarde seria conquistada a machado, a pa, a picarreta e com o carrinho de mão.
Fomos infernados de que estávamos chegando a União da Vitória, terminal da estrada de férro e têrmo de nossa viagem.. 0 som estridente do comboio anunciou que nossa pegrinação havia alcançado a meta final. A estação constava de uma plataforma rústica de madeira, situada as margens  do Rio Iguaçú. Na margem oposta do maior rio paranaense divisamos uma cidade de proporções regulares e o terreno preparado para os triblhos. Diante de nós uma densa floresta, os trilhos atingiam cinco km.   Além da cidade e a ponte sobre o rio, numa extenção de 400 metros, recém montada, sobrecujo vão passava o trem. Desembarcamos apôs atravéssarmos a ponte. Esta foi a viagem de aproximadamente de dois meses. Nestas paragens ficaríamos, para dar início a uma nova vida, cujas esperanças acalentamos por largos onos. Fomos recebidos por Franscisco Schmitd, tio do Senhor Estanislau e alguns poloneses. Fomos alojados num acampamento.
Decidi conhecer a cidade. Hoje, União da Vitória é conside­rável. Em 1907 aparentava uma pequena aldeia. Algumas ruas, casas de madeira e pintadas a cal  A via principal partia das  margens do rio,onde havia uma plataforma para descarga dos produtos, transportados por via fluvial e demandava a cidade. Os maiores    ípreendimentos  da cidade era a casa de cortume, uma fabria de celaria para fins de produção de acessórios de montaria e a casa comercial polonesa G. Grollmann und Schmidt. Apesas de nomes alemães eram poloneses provenientes da região sob a ocupação russa.

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Havia dois hoteis, um de propriedade de  José Bilski e,  o outro do sr. Piluski.  Neste último  os poloneses  se reuniam aos  domingos .  Era  uma espécie do clube, polonês,   entre    as varias nacionalidades  de que  se cumpunha a a  cidade.
Os trabalhos da  construção  da  via  férrea  atrairá do Brasil inteiro  e imigrantes da Europa. Ali  encontravam-se as procedências,  voluntários  e refugiados  da  lei. A administração com  freqüência     atrasava  os vencimentos.  A  região  era habitada  pelos índios coroados  e botocudos.  Em  defesa  de  suas terras assaltavam os grupos de trabalhadores. Muitos homens, por falta de mão de obra, recebiam       liberdade condicionada;  para trabalharem na  construção  da  via   férrea.  Outros  eram simplesmente fugitivos da  justiça:  levando-se em conta  esses detalhes, é facil imaginar o clima reinante, a atmosfera de mêdo e insegurança que envolvia o imigrante.  Nos  domingos  e dias de  folga  que  eram poucos dirigia-me as margens do rio  e dava  rédeas  a  imaginação,  não  conhecia     nenhuma profissão. Sem o  conhecimento             da  língua, não poderia  obter  emprego. Havia ocupação na   construção.  Os  boatos     sobre as  condições da  florestas3 atemorizavam a  tal ponto  que    qualquer emprego na  cidade  era  melhor do  que na  construção.    A vida  humana  valia  bem pouco.    Aconselharam-me a apreender o ofício   de  curtidor. Assim o  fiz. A promessa   era  boa.  Apôs a  fase de principiante receberia  a  moradia,  a  manutenção  e a  importância  de 10 mil reis,  para ocorrer  despesas pessoais.
                Era  o  mais  jovem da  empresa.  Escalaram – me  para  cada 2º domingo cuidar das dependências. 0  trabalho no cortume era pesado. Lavava os couros recem-chegados   Amaciava-os  com roda   especial e    realizava  toda sorte de serviços               ie  serviços secundários.  Este  era  o meu programa  diurno.    As minha.      mãos           tornavam-se bronzeadas e uma ferida  constante entre os dedos,  devido a cal. Mau pai planejou  instalar uma pequena   serraria. Não  era  tare­fa  fácil.    Dificuldades  de  ordem  finaceira   e técnieca  a   volumaram-se.  As codiçoes  diferentes, moralmente           abatido e com saude debilitada, pensava no retorno à terra natal 0  administrador  da   construção      férrea  era o sr. Vicente Ostrowski, homem correto e nobre apesar de semi-analfabeto, embroa conhecedor de terraplanegem.   

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Era  o primeiro  domingo  de novembro. A cidade recebeu a noticia  da  chacina  praticada  pelos  índios  contra  os  trabalhadores da estrada de  ferro.  0  trem deveria    trazer os corpos. A população  da  cidade dirigiu-se até a “estação” provisória.  Fui,   acompanhado  do pai    e do  tio   ,   ver de perto o triste espetáculo.    A  espera  foi longa.  0  sol ja  declinava no ocidente quan­do a  locomotiva  com estrépido    aproximou-se da  plataforma. Os  vagões  eram descobertos. Os corpos dos operários  estavam depositados  sobre ramos verdes e cobertos  com panos    vermelhos,  surrados pelo  tempo.
Uma   senhora   idosa,  alemã  de  origem atirou-se  sobre os res­tos mortais de seu filho vítima  do assalto.  Em prantos  convulsivos chorava a pobre vítima. Os óutros eram poloneses. Vieram em busca de melhores salários. Dworawski veio de Lucena, Santa Catarina. As flechas indígenas ainda estavam em seu corpo. Seu aspecto era terrificante:: o  corpo lívido, o rosto deformadfo pela dor. Os quatro  foram  sepultados em cova rasa, sem nenhuma cerimônia, como era costume nestas paragens.
Este episódio gravou-se profundamente rm minha memória. Apagou os sentimentos voltados para o exotismo. Apagou os  sentimentos voltados para  o  exotismo. Um grupo  de  colonos procurou-me para   tomar conta de uma escolinha que desejava fundar. 0  pai aceitou o  convite,   enquanto procurava  vender    as máquinas e demais acessórios da serraria. Decidiu retornar a Polônia, com os fundos da venda do maquinário. Foi a colônia. Recebeu uma escolinha, ou mais precisamente uma cozinha localizada na clareirada floresta. Lecionava  quatro  horas por  dia.  Os  rapazes vinham de grandes distâncias para  apreender  alguma   coisa.  0  trabalho  deixou o pai no  isolamento  e ele
sentiu-se  só.  Esse  fato  teve profunda   influência  em sua maneira de viver. Tornou-se um místico.   Conservava   consigo uma caixa.  Essa   seria  a sua túmba, após a morte, que poderia  a   qualquer   momento. Os colonos forneciam a alimentação:  pasteis,  broa  de centeio,  requeijão e mel. Ele mesmo cozinhava alguma coisa, embra normalmente alimentava-se de broa e café. Abateu-se sobre o pai uma profunda saudade e vontade de retornar para junto dos seus, na Pátria distánte Fizemos  com que    deixasse  a   escola, antes do fim daquele ano. A venda   da   serraria  ficou em ponto morto. Ao terminar  a atividade na escola, vendeu o resto da serraria. Comprou o bilhete de retorno à Polônia, despediu-se de nós na estação provisória. Perguntou, quais eram os meus planos. Recomendou, que fosse um homem digno. Como que desejasse justificar a partida, deixando o filho afirmou, que as minhas possibilidades de vencer na Polônia seriam mínimas, e aqui o campo estava aberto. Era jovem, forte, com saude. Jamais temi o trabalho. Esperava que um dia os demais membros da família viriam ao Brasil. A volta do pai fez um grande vazio. Ficou no Brasil meu tio. Sua esposa e filhos deveriam chegar em breve. A presença do tio era o único confôrto, apesas disto, sentiam-me profundamente só....

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                Os poloneses continuavam a reunir-se na casa do sr. Piluski. Toda noite jogavam baralhos e comentavam os fatos do dia. Escutava, sem tomar parte na conversação. Havia discussões frequentes  sobre a necessidade de fundar uma escola e uma sociedade, onde pudessem ser organizados teatros, bailes, com uma biblioteca. Este tema me interessava sobremodo. Imbuido de espírito de prosseguir os trabalhos iniciados pelo pai, acertei com meu tio realizar uma reunião com os colonos.
                Na colônia Lager, priximo a igreja, havia um estabelecimento comercialç do sr. Bodnar. Este, sedeu nos  o local para a programada reunião. No domingo alí se congregaram aolguns colonos que conheceram meu pai e a minha idéia foi aplaudida. Organizou-se a primeira diretoria provisória da qual participei na qualidade de secretário....
                Todos ofertaram alguma coisa para a construção da escola: caixas de pregos, tábuas, janelas, vigas, etc. Decidimos que dentro de 30 dias o material deveria estar reunido e imediatamente seria iniciada a construção. O número de sócios inscritos era oito. O nosso plano era atingir 15. A nossa discussão levou a tarde inteira. O comerciante quis aproveitar a oportunidade e propôs idéia, brindando desta forma a nova escola. As garrafas esvaziavam-se, as piadas encontravam vazão, cantamos. O bar ficou repleto de curiosos da cidade. Sobreveio a noite. As lâmpadas foram acesas.  A festa termonou tragicamente. Os bancos começavam a voar. As garrafas foram quebradas. O comercianter, dentro de sua previsão apagou as lâmpadas. Vozerio, gemidos, gritos, imprecações e objetos voando, eis o clima reinante. Escondi-me, juntamente com o tio, num canto. Quando a situação e a aventura assumiram proporções maiores, pulamos a janela e corremos  para a cidade. Esta foi a primeira experiência no campo social. Somente nos anos mais tarde que a escola foi levantada, quicá fruto desta semente que semeamos de forma tão desafortunada, naquele domingo.

                Encontrei trabalho, após longas peripécias. Na cidade existia muitas fabriquetas de cerveja, principalmente de alemães. Travei conhecimento com um saxão de nome Meier, que trabalhou numa destas. Prometeu ajudar-me. Realmente dois dias depois, com avental escuro lavavaas garrafas. A labuta era árdua. Vivia molhado. Apreendi rapidamente aquela forma primitiva de ferver serveja. Os vencimentos melhoravam. O patrão estava satisfeito. Sem interferência e com a ajuda do sr. Meier estava apto a ferver a cerveja. Compreendi os mistérios de fermentação e julga ter adquirido uma profissão. Ao lado da firma em que trabalhava, havia um bar, onde reuniam-se os alemõaes. Vinham para confabulações e para beber cerveja. Cantavam alegremente. Um belo dia, influenciados pela cerveja, teve início uma discussão política. Na época foram confiscadas as propriedades de Poznan. Muitos alemães mostravam o desejo de retornar a Europa e estabelecer-se nas terras desapropriadas....
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8.
Fui envolvido nos debates. Até aquele momento ninguém me interrogou sobre a minha origem, uma vez que meu sobrenome soava alemão.  Declarei-me categoricamente que era polonês e levado pelo entusiasmo da juventude susten­tei que a desapropriação não passava de uma rapina.
Schultz o açougueiro que se sobressaia pela obesidade gritou "Polnische Schwain" e cuspiu-me no rosto.
Obscureceu a minha vista. Atirei-me contra aquele corpulento alemão e desferi golpes em sua face. Criuou-se uma confusão generalizada. Distribui socos a esmo, mas vendo que lutava contra uma maioria ma massissa lancei-me em fuga.
No dia seguinte vi-me despeidido do emprego, pois havia ofen­dido um dos melhores clientes da fábrica. Ao receber o meu pagamento, o cai­xa orientou-me no sentido de futuramente não ofender ninguém,pois o tra­balhador deve suportar tudo e que na idade de um "Grünschabel", eu não poderia compreender isso. E, ainda que estivesse satisfeito com o meu tra­balho, não teve duvidas em me despedir.
Meu primo, enojado com os trabalhos de padeiro, junto a cons­trução de estrada de ferro, retornou para a cidade. Com os parcos recursos poupados durante o meu trabalho na fabrica, decidimos abrir uma padaria. Com a permissão do tio, levantamos em seu terreno um pequeno barraco. A distribuição da casa foi feita de tal maneira que acomodasse num quarto a família de meu primo, num outro eu me instalei e o restante da cons­trução ficou para a padaria propriamente dita. Construímos um modeseto for­no para broa, fizemos uma caixa de tábuas de madeira, para a mistura da farinha, compramos dois sacos de farinha de trigo com a sobra de recursos e começamos a produção. 0 forno mal construido não conservava vapor, ra­zão porque éramos obrigados a derramar pequenas quantidades de água ,durante o tempo em que o pão se encontrava ali. Trabalhávamos a noite inteira. Ao amanhecer distribuíamos o pão em grandes cestos postos na cabeça, batendo de porta em porta. Percorríamos quilômetros para vencer a concorrência. A cidade distava alguns quilômetros e tínhamos que ser os primeiros.
0 trabalho era esgotante. Ao meio dia, retornávamos, feita a contagem do dinheiro, descasávamos até as 17 horas para recomeçar a faina. Trazíamos a farinha, levando cada um de nos um saco às costas.

             9.
A mercadoria era comprada numa casa de comércio distante, razão porque o transporte era penoso.
A concorrência exigia de nós enormes sacrifícios e delibe­rou acabar conosco. As padarias maiores não deixaram progredir. Baixaram os preços do pão de tal forma que nós trabalhávamos com déficit. Defendemo-nos, com prejuízos, por algum tempo, até o momento em que faltaram recursos para a aquisição da farinha. A padaria foi fechada. Meu primo não teve outro meio senão voltar ao seu emprêgo na padaria da estrada de ferro. Permaneci na cidade e encontrei trabalho numa outra cervejaria. 0 proprietário era um italiano e entregou aos meus cuidados o setor de fer­mentação. Sob os meus cuidados estavam dois ajudantes.
A reunião dos poloneses continuava sendo o hotel do sr. Piluski. Os temas das conversações eram os mais diversos. A organização de uma sociedade e escola polonesas eram os temas prediletos. A cidade ja tinha uma escola alemã, por que não haveria de ter uma polonesa?
Os poloneses melhor situados ofertaram recursos e foi funda­da a sociedade Júlio Slowacki. Compramos um terreno para construção de uma escola. As reuniões eram feitas numa das salas do hotel. Por ocasião do levante de novembro fiz a minha estreia publica sobre a efeméride. Na oportunidade realizou-se uma coleta para a construção da escola, o que me trouxe indizível satisfação. A escola estava sendo construída em ritmo acelerado. O termino da obra, previsto para breve, teve uma pequena demora e a inauguração deu-se bem mais tarde. 0 primeiro professor da escola foi a o sr. Kosinski. Veio para o Brasil a convite do sr. Grollman. A socie­dade e a escola existiram até os dias da nacionalização sendo modelos no cumprimento de sua missão cultural.
Adquiri os conhecimentos e os segredos da fermentação. Como fui preterido na f'ábrica, em favor de um parente do dono, decidi es­crever para uma fabrica semelhante na cidade vizinha, pertencente a um po­lonês. Obtive resposta afirmativa e numa manhã pedi a conta agrade­cendo ao dono e me desloquei para a cidade de Marechal Mallet.
Distante 4O km. dessa cidade, Cruz Machado, estava sendo colonizada por poloneses, que vinham em levas. Na cidade de Mallet muitas casas comerciais pertenciam a poloneses e ucranianos

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A fabria , na qual iria trabalhar levava o nome de "Warta". Graças aos meus conhecimentos a cerveja começou a ter fama.
Nesta época tratava-se de organizar uma escola de grau médio. A alma do movimento, como alias de todos, era o sr. Roman Paul. Reuniu em torno de si alguns homens e fundou a sociedade Nicolau Kopernic que existe até o presente. Estávamos em 1911. A escola média começou a ser construida tendo como fundadores: Roman Paul, José Baziewicz, Tadeu Suchorski, Miguel Gryczak, Romualdo Krzesimowski, Tomas Lopacinski, Hen­rique Sobanski e muitos outros cujos nomes não recordo. A escola foi cen­tro de irradiação para toda a comunidade polonesa durante anos.
As reuniões dos fundadores eram feitas na casa do sr. R. Paul. Participava das mesma mais para ouvir do que para deliberar. De tem­pos em tempos publicava pequenos artigos nos jornais poloneses. Escrevi certa feita um versando sobre os perigos do álcool nas laudas da "Gazeta Polska", editado em Curitiba. Citei entre outros fatos, aquele dos comerciantes que vendem bebidas aos domingos aos homens que se dirigem à igreja. Relstei as conseqüências funestas e as aventuras que acintecem nos bote­cos. Houve uma revolta dos proprietários, quando o jornal apareceu.
Nós levamos para o mau caminho os Colonos: Quem é autor de semelhante aberração? - era o comentário generalizado.
Começaram a fazer sondagens e não lhes foi dificil identificar o autor. Pressionaram o proprietário da fábrica onde trabalhava para que fosse despedido. Ameaçaram-no, caso não me despedisse, que não iriam  comprar os seus produtos. 0 dono não teve motivos para me mandar embora. Andava acabrunhado. Um dos meus colegas avisou-me que eu es­tava "na rua", pois era a única saida que o patrão tinha a tomar. Certa feita divisei no bolso do proprietário um papel. Supôs que era a minha despedida e que só espera a oportunidade para me entregar a conta. Nesse ínterim, já como técnico, escrevi para outra cidade, oferecendo os meus trabalhos num empreendimento semelhante. Recebi resposta afirmativa e no dia seguinte pedi a conta. Assim terminou a minha atuação "moralizadora". Não durou muito o meu novo emprego. Um dia, certo comerciante ucraino adentrou o hotel onde residia e ofereceu-me um emprego em sua casa comercial. Aceitei a proposta»
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No exercício da minha nova função, recebi a visita do meu primo. Ciente de que desejava abrir um negócio, veio convencer-me de que deveria fazê-lo junto a construção da estrada de ferro, que prosseguia em ritmo ace­lerado, Poderia trabalhar na construção e obter um dinheiro extra no "boteco". Sua convicção era grande e abandonei o emprego para seguir com o primo. Nova­mente encontrei-me na cidade de União da Vitória afim de  seguir rumo ao que se apresentava como "El dorado"»
Meu primo deixou a família com conhecidos na cidade e ambos segui­mos em busca do futuro promissor. Embarcamos no trem em meio aos trabalhado­res. 0 combôio percorreu paragens  desconhecidas. Ao longo dos trilhos levantavam-se as casas dos humildes trabalhadores, feitas de tábua lascada. Até onde o olho podia atingir o panorama era selvagem e deserto.
Ao anoitecer atingimos a sede da administração» da construção da via férrea. A residência da administração era recem-construida, ladeada por casas de operários e barracos com negócios e outras construções. À noite era perigoso perambular pois não faltavam orgias e assaltos. A floresta facili­tava a fuga aos crimosos, e tudo tinha um aspeto de acampamento de explorado­res de ouro ou algo semelhante. Pernoitamos ali, prosseguindo no dia seguin­te até o terminal do leito.  
A locomotiva com dois vagões descobertos levou-nos lentamente, parando a cada passo, como que temendo assaltos, e ao desembarcarmos a polícia munida de carabinas vasculhou antes as redondezas. Assim atingimos o objetivo de nossa viagem, com paradas, em meio a mata selvagem. Estávamos em pleno inverno. As noites eram frias e nós não tinhamos nehum agasalho, aguardando a madru­gada sob frio cortante deitados sobre os vagões.
Longas foram as horas até que o dia clareasse. Percebemos então que nos encontrávamos próximos a uma construção. Descemos, batendo a uma das portas mais próximas. Um polonês nos atendeu, servindo-nos café quente que nos trouxe alento, sobremaneira. Era um campo de trabalhadores. Inscrevemo-nos entre os operários. Alugamos uma casa exclusiva. 0 primo trouxe sua família e ali nos estabelecemos. O trabalho era penoso, mas como a nossa intenção era ganhar algum dinheiro e abrir um "boteco" ou uma padaria, suportávamos, enquanto os dias corriam.


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O elemento que se    dedicava a construção da estrada, provinha de todos os recantos do Brasil. Entre eles não faltavam refugiados da justiça dos estados nordestinos. Outros eram imigrantes, cujas famílias ficaram nas colônias e eles vieram em busca de melhores salários, afim de saldar suas dívidas efetuadas com a compra de pequenas propriedades.
Havia tribos indigenas que vagavam pela floresta e    atacavam    grupos  de operários. Houve assaltos noturnos nos barracos dos trabalhadores. Acontecia com freqüência o assalto ao trabalhador  que deixava  sua faina diária, para lhe arrancar os parcos níqueis consguidos na faina diária. Normalmente pagavam  com a própria vida. Estes assaltos eram praticados pelos próprios colegas de serviços, refugiando-se    sob o pretexto de que foram os indigenas os autores do mesmos. Semelhantes transgressões eram punidas severamente pela polícia da estrada de ferro. Seu trabalho quase sempre era sufocado pelo silêncio da floresta, enquanto os familiares nas colônias aguardavam anciosos a volta do pai ou do irmão  que deveria trazer o tão  esperado dinheiro.
Eu e  o meu primo mantivemo-nos afastados de todos, trabalhando sempre em companhia dos imigrantes. Éramos conhecidos como "krakowiaki". De mi­nha parte sentia-me arrependido ter aceito o convite de meu primo. Possiua um trabalho seguro e troquei-no por uma desgraça. Não desejava magoa-lo. Sua mulher igualmente não  se sentia bem. No intuito de auxiliar o marido começou a assar broa....
Novamente vi-me atormentado por pensamentos sobre a atituAe a tomar» Tínhamos algumas economias. Era insuficiente para dar início a qualuer nego­cio na cidade. Tivemos conhecimento que a companhoa iria construir uma ponte sobre o rio Uruguai, que uniria os troncos  do Paraná  e Rio Grande do Sul. Decidimos abrir nas imediações dessa obra um pequeno estabelecimento comercial. Meu primo abriu uma padaria. Na outra margem do rio levantei uma cazinha de tábuas lascadas e comecei a    negociar com miudezas.
0 chefe de polícia sediado na outra margem do rio era um tal Rosati descendente de italianos que praticava abusos de autoridade, aproveitando-se da excessiva liberalidade reinante.  Organizava, por exemplo, bailes para os quais convidava famílias,  senhoras e senhoritas, que normalmente convertiam-se em orgias. Era chamado de "colonel". Se algum convidado não comparecia,  seus soldados traziam-no a força.

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Um tal,  sr. Bujno, abriu um negócio. Era  uma pessoa inteligente e segundo os boatos, natural de Varsóvia. A revolução de 1907 atirou-o às constas brasileiras. Moravam com ele uma família  sem filhos, igualmente poloneses. Ele traba­lhava na construção da ponte e ela tomava conta da casa.
Certa feita o "colonel" mandou um recado de que estava organizan­do um baile e que deveriam comparecer incondicionalmente. Bujno alarmado com a notícia chamou imediatamente o trabalhador mandou que se transferisse para outra margem do rio, juntamente com sua esposa pois o chefe de polícia estava lhe preparando alguma surpresa desagradável. Após    uma prolongada conversa entre os dois,  decidiram juntar os seus pertences e transferir-se para outra margem do rio, sob diferente administração. A noite o sr. Bujno ficou de tocaia, armado de Winchester e de grande quantidade de munição. Pelas 22 horas alguns enviados do "colonel" compareceram e batera à porta. Ninguem-os atendeu.  Insistiram e começaram a arrombar a porta. Ouvi tudo,  sem poder reagir. Bujno vendo o que se passava passou a atirar. Os as­saltantes fugiram. Nesse interim, Bujno,  entrou em casa, apanhou os pertence e saltou para dentro de uma canoa preparada para tal fim e transferiu-se para a outra margem do rio. Minutos depois os assaltantes retornavam em maior numero derrubaram a casa e começou a orgia. Tomaram as melhores bebidas, quebrando o restante e destruindo os móveis. Bujno e o casal não retornaram mais, temendo a vingança do "colonel". Mais tarde Bujno fez parte na cidade de Passo Fundo, sem que surtisse qualquer efeito, pois o chefe de polícia  era da ala governista.
Continuei a negociar. 0s meus interesses particulares iam razoalvelmente. Cer- ta noite fui acordado por um ruido estranho.  Verifiquei estupefato que águas lamacentas cercavam minha casa, atingindo a altura do catre. Um pa­norama de águas imensas desvendava-se de minha janela, a luz tênue da lua. A força da água era tal que mal poude levar consigo o terno e mais algumas rou­pas. 0 rio havia transbordado repentina  e inesperadamente. Onde, há poucas ho­ras havia casas, viam-se simplesmente cumieiras, carregadas pela violência da correnteza. Nessa noite a enchente carregou mais de 50 casas deixando lodo e palanques  chantados na terra. Três partes da ponte provisória    foram tragadas pelas águas. Árvores    e construções foram destruídas pela violência .

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Veio o auxílio e os  assolados foram acomodados em barracos provisórios. Soube-se mais tarde que um tromba d´água desabou na cabeceira do rio causando a enchente. Ninguém esperou a catástrofe, pois o dia era belo. Da mesma forma que se avolumaram, as águas baixaram rapidamente. Os prejuizos foram notáveis, muitos, perdendo tudo. Munido de passe livre, despedi-me do meu primo e fui até Passo Fundo afim de procurar trabalho.
Ali teve início uma nova etapa de minha vida. Poucos dias depois empreguei-me no hotel de propriedade do sr. Estanislau Ziemkowski, que entre­gou aos meus cuidados a direção da hospedaria, enquanto ele diariamente ia a cidade e retornava pelo meio dia. Sua mulher tomava conta da cozinha. A clientela compunha-se de pensionistas e hóspedes.  Servia os comensais, recepcionava os hóspedes, acertava as contas, bem como atendia o balcão.
Para os serviços pesados tinha como ajudante, uma senhora de seus 25 anos. Estanislau apesar de sua pouca idade aparentava velhice. Corcunda e com tez amarelada,    sofria de febre amarela, que o afetou no Norte do Brasil, por ocasião da construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, nos limites do Brasi com a Bolívia.
Nesta época processava-se a colonização de Erechim. Levas de imigrantes demandavam aquelas plagas, passando pela nossa cidade, que era lugar de pouso obrigatório.  Ziemkowski possuía dois barracões com leitos-trapiches onde os imigrantes oriundos de Porto Alegre descansavam. Toda vez que vinha o aviso de uma nova leva, dirigia-me a estação local, para aguarda-los. Adentrava os vagões de segunda classe, chamando: Emigrantes – Emigrantens.
Eles aglomeravam-se    em torno de mim e os  conduzia até a hospedaria.  Antes do repouso recebiam um modesto jantar. No dia  seguinte acompanhava-os até à estação e acomodava-os nos vagões. Este trabalho proporcionava-me uma pensão aparte, paga pelo serviço de    imigração.  Isso durou algum  tempo. Houve muitas reclamações , pois os imigrantes não recebiam leite para as crianças e que não podiam compra-lo pelo caminho. Explicava-lhes em polonês, alemão e ucraniano que não havia fundos para semelhante finalidade. Em vista das crescentes reclamações oficiei a Porto Alegre. Recebi a resposta lacônica que pari semelhante finalidade não existem fundos. Ao receber, certa feita, um grupo mais numeroso, não suportei as reclamações e sugeri-lhes que se dirigissem a administração municipal, dizendo que não prosseguiriam a viagem, caso não

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fossem atendidos. 0 pedido foi indeferido e eles ali permaneceram. Seguiu um telegrama a Porto Alegre e veio uma comissão para averiguações. Concluí­ram que fui o responsável. Como conseqüência perdi o emprego, mas todos os novos grupos recebiam o reclamado leite.
           Retornei a localidade onde residia a família do primo. Visitei o tio, em União da Vitória, passando cora ele as festas natalinas. Retornei ao emprego de fabricante de cerveja. Detive-me por algum tempo na profissão, sendo acometido de tifo, em vista das condições de humildade no local do trabalho. Passei semanas de cama. A ciddade não possuía médico, somente gra­ças a resistência do organismo que a doênça foi vencida e poude sobreviver.
           Abandonei o trabalho. Estive em busca de um novo. Na cidade de Arau­cária o cura de almas era o conhecido ativista pe. José Anusz. Visitei-o afim de travar conhecimento e pedir conselhos, pois era do meu conhecimento que o sacerdote  reunia jovens e aconselhava-os sobre o que deveriam fazer. Sua predileção estava voltada para os problemas da colonização, organização de sociedades culturais e fundação de escolas. Seu ultimo sonho consistia em colonizar a Serra do Mar, nas proximidades de Porto de Cima, as marges da rodovia Curitiba-Paranaguá. Eram terras devolutas e abandonadas, após terem sido povoados por italianos.
Essas glebas relegadas ao abandono poderiam ser adquiridas por preços baixos, mediante prestações de até 10 anos. 0 pe. Anusz começou agi­tar os intelectuais poloneses, para adquirirem os terrenos e ali instalas­sem uma grande cultura de bananas, pois seria um lucro permanente, sob sua influências vários poloneses partiram para a empresa, desconhecendo total­mente o clima tropical e a cultura.  Eis algumas caracteristaicas e nomes: Smolczynski-farmaceutico; Bienkowski-artista pintor; um professor do povo cujo nome não recordo, Ludovico Komkowski-arquitepo engenheiro (este ficou em Porto de Cima com um negócio, padaria e uma propriedade), uma familia de celeiros, etc.
            Fui recebido gentilmente pelo sacerdote e imediatamente incutiu-me a idéia de plantar bananas, afirmando que em breve seria independente economicamente.

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Trabalhei durante quatro anos como    mestre de ferraria dos bondes de Curi­tiba, percebendo salário relativamente bom, apôs o que decidi-me pela    plan­tação de bananas.
Morei com a família Komkowski Rumei, apôs alguns dias para uma pro­priedade regular, munido de instrumentos e provisão. 0  solo estava infestado de  tocos, raizes,  cipós e exigia cuidados para não ferir os pés. Espe­rei alguns dias e  deitei fogo na mata derrubada. 0 tempo favoreceu e  em alguns dias o terreno estava pronto para o plantio.  Os  vizinhos cederam-me de bom grado as mudas de que necessitava. Embora as mudas fossem escasas plantava em média 15 pés por dia, atingindo o considerável numero de 150 pés.  Deveria aguardar a colheita    um ano.
                Enquanto aguardava os primeiros frutos do meu trabalho, continuava a plantar. Os dias não passavam e as minhas reservas tornavam-se escassas. Sobreveio a temporada de chuvas. Os rios transbordaram 0 farmacêutico, certa noite veio sobressaltado, dizendo que as águas invadiram sua proprieddade e ele conseguiu fugir apenas com a roupa do corpo. Queixou-se da situação não poupou críticas ao pe.. Anusz e decidiu voltar para a America do Norte afirmando que aqui era um "país selvagem".  Até o pintor que via tudo pelo prisma poética estava  saturada com plantação de bananas.
                Tudo isso trouxe desânimo. Abandonei a plantação a  sua sorte.  Retor­nei a Curitiba. Consegui emprego na casa de um comerciante brasileiro que fornecia víveres   aos trabalhadores da construção da estrada de ferro que demandava Rio Negro. Fui deslocado para um de seus armazéns,  situado na ci­dade. Após um   ia de viagem encontrava no armazém as margens do rio do mes­mo nome da cidade.
                Pouco tempo mais tarde fui transferido para Rio Vermelho, localidade situada no ponto culminante da Serra do Mar, no estado de Santa Catarina. Dessa localidade o trem toma rumo    para o litoral e atinge o porto Sao Francisco. Os trabaltos da implantação dos trilhos entre a  serra eram morosos e 6 túneis foram abertos. As chuvas e a cerração atrapalhavam os trabalhos A estação de Rio Vermelho  fica localizada , onde as águas se dividiam,uma parte demandando o mar e    as outras partiam em outra direção oposta.

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Exercia uma função  secundaria,  como auxiliar do chefe do armazém que era um homem da cidade com numerosa família. Os dias corriam no trabalho monótono,  fornecendo mantimentos aos operários.
Até esta fase de minha vida eu mesmo providenciava tudo para mim. Veio a época de constituir uma família. Tinha a impressão de que tudo era possivel mudar, transformar e adaptar. Sabia que a minha futura esposa não freqüentava escola, morando na casa do cunhado, auxiliando sua irmã doentia na educação dos filhos. Entre nós jamais houve ama palestra mais séria. trocavamos idéias sôbre fatos banais. Apôs as festas natalinas pedi-a em ca­samento,  determinando a data do casamento para logo apôs  o carnaval    do mesmo ano.
A vida da família prendeu-me em casa apôs o trabalho. Antes disso dedicava o tempo para passéios na região. Afeito a uma vida social, vi-me obrigado a dispender grande esforço para conversar em família. Sentia-me estranho, mesmo meses mais tarde. As notícias eram poucas e alguma coisa que sabia era através de jornais que esporadicamente atingiam estas para­gens.
Na    colônia montanhosa, Rio Natal, travei conhecimento    com o  sr. Xavier Minkowski. Estabeleceu-se entre nos uma profunda amizade. Propus-lhe a organização de uma coleta em prol da Legiões Polonesas,  em organização na Polônia. Minkowski aceitou a idéia  e o comitê foi constituído, do qual ficou presidente. Arrecadou-se uma importância razoável, que foi trasmitida a Curitiba.
Minkowski era uma dessa criaturas raras: autodidata, dedicado a causa polonesa,  cultivador de suas tradições e devotado aos problermas sociais. Proprietário de    uma pequena área rural,  com uma casa de  madeira que cedeu para ali abrir uma  escola. Até ao meio dia trabalhava juntamente com a esposa  na lavoura  e a tarde lecionava para as crianças da região.
A pequena colônia  sonhava com uma capela. Minkowski solicitara ao sacerdote que de tempos em tempos ali passava para visitar Rio Natal. 0 pe. anuiu ao convite sob a condição de que os colonos ali construíssem uma capela,  sugerindo ainda que a  escola fosse fechada,  transformando-a em casa de oração.

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O sacerdote prometeu proceder a benção da mesma. Minkowski apresentou a con­tra proposta no sentido de que casa servisse de capela nos dias santificados e nos úteis continuasse    escola. "Ou capela ou escala  - retrucou o padre.
Diante da posição intransigente, os colonos determinaram manter a escola    e Minkowski continuou a dirigir as orações. Estes fatos foram-me narrados com profunda tristeza,  uma vez que Minkowski era católico praticante.
Foi breve a minha permanência em Rio Vermelho. Foi transferido para Jaraguá,  cidade litorânea e próxima da Serra do Mar, onde a firma possuía outra casa. A localidade era habitada por alemães e tudo era germanizado,a ponto de que ninguém falava o português. As próprias insrições das casas comerciais eram em  alemão.
Em Jaraguá nasceu a nossa primeira filha, que nos trouxe inefável alegria.    0 pequeno e modesto lar ficou repleto de ruido e problemas familiares. Nos dias santificados e feriados dirigia-me a cidade onde grangeei inúmeros amigos. Jacinto Czernikiewicz era proprietário de um hotel e  o sr. Carllos Wencerski dono de outro. Uma das principais casas da cidade per­tencia ao sr. Bernardo Gruby e outra ao sr.  José Kaminski. Todavia não faltavam nomes alemães,  como Grot, Stein, Bornhaus, Veege,  etc. Havia nas proxímidades uma colônia,  igualmente,  germanizada.
Conheci o  sr. Bernardo Grube que acrescentou ao seu sobrenome, mais um "b", bem como  seu pai que era um polonês da região dos "kaszuby", que não conhecia nada da língua alemã. Falava  com ele nuna linguagem polonesa castiça,  enquanto ele se expressava no dialeto de sua região,  entendendo nos perfeitamente. Perguntei-lhe,  por que seu filho considerava  se alemão. Res-pondeu que ele nasceu entre alemães no Brasil e por isso ficou germânico, Foi dificil convence-lo de que nascendo aqui deveria  sentir-se brasileiro e jamais alemão. 0 velho respondeu que era  "kaszub", mas  seu filho alemão, pois assim lhe convinha.
Ao receber a visita de um amigo meu polonês, convidei-o para um almoço no hotel do sr. Wenserski. 0 restaurante localizava-se ao lado da linha férrea, ornamentado de uma ampla varanda, recoberta de trepadeiras com espaçosa  sala de jantar e as plantas tropicais de largas folhas tornavam o ambiente agradável.

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Encontramos ali uma   mesa lauta rodeada por um alegre grupo. A cerveja corria a rôdo e os componentes ja  se encontravam bem alegres.  A algazarra avolumava-se, ao levatra dos brindes em homenagem a Guilherme II conforme deduzi posteriormente. Corria o ano de 1915.  Não teria havido maior importância  se os meus ouvidos não fossem feridos por um    -"Polnische Legionen..."
Um alemão corpulento principiou referir-se com sacrasmo as legiões e com freqüência clamava: "Dumme Polen!" Meu companheiro não compreendia, mas eu tinha consciência clara de que estavam zombando dos poloneses. Pouco importa - prosseguia -    eles que formem o "Kanonenfutter"- de­pois será mais fácil extermina-los"
Cada piada desse naipe era recebida por uma  estrondosa gargalhada e  tudo era perpassado de canções germânicas. Sentia-me sobre brasas. Não pude suportar, pois os nomes e a zombaria ultrapassaram os limites. Inopinadamente um baralho de vidro quebrado, ressoou pela  sala. Uma vzs ameaçadora de um  alemão desconhecido, munido de bengala  e  de braço levantado protestou: "Como podeis zombar desta gente que agora ombro a ombro, lu­tam conosco, contro o inimigo? São nossos aliados e não permito que al­guém os desprezei" - gritava o alemão dirigindo-se aos alemães em festa. Todos se calaram diante da feição severa e da aperência majestatica do velho alemão. A festa terminou e todos retiraram-se cabisbaixos. Retiramo-nos igualmente e pelo caminho contei ao meu amigo o que se havia passado. Esta foi uma manifestação da selvageria germânica.
Recebi o jornal "Wici", publicado nos Estados Unidos. No Brasil existia "Ognivo". Na edição do "Wici" 11 a notícia da morte do meu irmão Miecislau, que ingressou nas legiões. Durante dias não pude me conformar com a morte do irmão caçula, de 18 anos de idade.
Os  dias corriam. Recebi carta da firma, avisando-me da transferi rencia para a filial de Serra da Esperança. Imediatamente viajei para a nova  sede, uma vez que o clima tropical era nocivo a  saúde.  A nova cidade localizava-se entre as cidades de    Mal. Mallet e Cruz Machado, que nesta iniciava a colonização.
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Levando consigo os pertences dirigi-me de trem até o novo local de trabalho. Pela viagem estive em ponta Grossa e depois al­gum tempo em Mallet, onde residia meu tio, que nos recebeu gentilmente, pois não nos tinhamos visto, há anos.  0 clima aprazível da serra fez bem a saude combalida pela febre amarela que desapareceu como que por encanto.


Marechal Mallet continuava um centro da colonização polonesa. A recém inaugurada escola Nicolau Kopernico, a próspera colônia polonesa e os Imigrantes ucrainos, constituia-se num grande contraste com a colônia alemã que ai se encotrava em franco declínio e abandono. Visitei a escola onde lecionavam os professores Casemiro Ruzinski e Francisco Lyp. Palestramos demoradamente. Visitei ainda os velhos conhecidos, Roman Paul, R. Krzesimowski, T.Sluchoski, J. Baziewicz, Trojan e outros coofundadores do Ginásio Maletense. Senti-me inteiramente a vontade, entre os poloneses apôs alguns anos de ausência. A minha permanência,  todavia,  era passageira nesta cidade e de­via  seguir para a Serra da Esperança, localidade situada  no mais culminan­te  ponto da mesma. 0 vento  montahés soprava no planalto de modo que a fa­ce e as mães amorteciam de frio. Consistia de algumas casas de madeira, caia das, dispersas pera região Inóspita. 0 vizinho mais próximo    morava    a um Kn A casa comercial situava-se no cruzamento de duas picadas,  transponíveis son te a cavalo»As mercadorias eram transportadas em lombo de burro» Havia uma ánica estrada carroçavel,  feita para fins de colonização de Cruz Machado e ligava esta cidade a Malle.
Diariamente os colonos vinham de Cruz Machado,  com destino a Malle onde deveriam vender os produtos especialmente erva mate. Compravam alguns gêneros e nestas viagens aqui faziam as pousadas,  congregando-se diante do negócio, onde ardia uma fogueira. Dormiam nas carroças,  debaixo dos toldos e ao amanhecer prosseguiam a viagem,  esta forma pude travar contactos com velhos colonos, palestrando com os mesmos. Em temporados de chuva nao aperecia alma viva e Serra da Esperança afundava em profundo silêncio.
Algum tempo mais tarde meu tio Casemiro veio visitar-me e convenci-o de que permanecesse comigo, afim de ajudar-me na tarefa do negocio.

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Um belo dia deteve-se diante do meu negôcio uma carroça. Um jovem apresentou-se   como representante da  justiça e   veio com o objetivo de tomar o negócio. Soube, então, que a firma para a qual estava trabalhando tinha falido. Depositei em suas mãos a conta e a mercadoria. Fizemos o balanço e empacotamos os víveres, dos quais fiquei encarregado de levar até Mallé e entrega-los. Poucos dias mais tarde, novamente,  encontrava-me em viagem desconhecendo o futuro. Temporariamente fiquei com o tio, planejando. Possuia uma carroça, cavalos e uma Winchester e algumas parcas economias. Meditei durante alguns duas sobre o que deveria fazer, com os parcos recursos não po­deria abrir um negócio, por conta própria. Enquanto  traçava os planos fui conhecendo mais de perto a cidade de Malle. Recebi inúmeros conselhos de amogo entre outros o de abrir uma fábrica   de gazosa. Aluguei um barracão e comecei a produzir limonadas e outros sucos. Distribuia   o produto entre os comer­ciantes travando melhores contactos com os proprietários. A correção era um grande auxiliar na tarefa de distribuição.
Mais tarde tornei-me guarda livro de firmas locais. Não eram grandes organizações, mas negócios em estilo colonial. Apesar de muito trabalho os meus honorários eram poucos. Mal bastavam para a manutenção da família. À noite participava das reuniões que se realizavam na casa do Sr. Roman Paul, protetor da  escola. As palestras versavam sobre temas sociais e so­bre a Primeira Guerra Mundial.
Tinha a impressão de morar numa cidade provinciana da Polônia. Aos domingos e dias santificados, os colonos chegavam a igreja. 0 patio em frente era tomado por carroças e as mulheres trajadas  a moda das aldeias polonesas reuniam-se em grupos e palestravam em altas vozes. Os homens, por seu turno, formavam grupos alegres,    fumando cachimbos e confabulavam so­bre temas locais e sobre a lavoura.
Ao repique dos sinos, anunciando o início dos ofícios religioso: os homens, as mulheres e as crianças locupletavam a igreja. Ao meio dia as carroças se dispersavam e a cidade agitada caia em silêncio para o restan­do domingo. Os moradores da cidade visitavam os amigos e jogavam baralhos. Outros descansavam. A mocidade reunia-se sob a sombra de árvores e palestrava com as meninas.

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Durante a  semana o único movimento    eram os colonos que    traziam os produtos para a venda e vinham comprar mercadorias nos armazéns. Os imigrantes surgiam de tempos em tempos,  com destino a Cruz Machado. As velhas colônias de Rio Claro, picotadas em vicinais, dirigiam-se em linha reta até as mar­gens do Iguaçu.
Nas  colônias as casa  eram encantadas. Situadas em meio a laranjei­ras e    pinheiros apresetavam um panorama  semelhante ao existente  na região dos Carpatos, ou Lublin, na velha Polônia. 0 centro de todas estas colônias era Rio Claro, com uma igreja matriz cuja torre altaneira e a escola local formavam uma agradável conjunto que os colonos chavam entre si de "Chenstochowa". As crianças loiras, alegres e barulhentas    emolduravam o ambiente  e a saudação universal era o "Louvado  seja..."
As notícias sobre a guerra eram acompanhadas e  comentadas ampla-mente.    Todos sentiam-se filhos da mesma mãe - Pátria. Na escola Maletense os professores praticavam exercícios militares com os alunos. Dispendi, o que não é de estranhar, muito tempo em observação desta vida rica em atividades. Esqueci que me encontrava no Brasil, pois alí não se falava o português e até  os brasileiros da cepa falavam polonês.
Nesta época a minha família aumentou com o nascimento do filho. Os meus proventos eram tão pequenos que mal podia manter-me, isto porque a região eminentemente agrícola não oferecia maiores oportunidades.
Recebi a visita do conhecido colono Lopacinski. Era sócio de um comerciante, cuja contabilidade estava sob os meus cuidados. Contou-me em segredo que estava em vias de desfazer a sociedade e propôs que fizesse uma sociedade com ele. Não possuia recursos, afirmei-lhe categoricamente. Retrucou - que confiava em mim, o que era mais importante. Disse mais que não tinha condições e preparo para gerir uma firma comercial. Pelos motivos ex­postos aceitei o convite. Procuramos um a cidade adequada para o estabe­lecimento e era nossa intenção começar imediatamente o trabalho. As condiço eram vantajosas sobremaneira, uma vez que ele daria o capital e a minha contribuição seria o trabalho.
Os fatos começaram a caminhar bem. As perspectivas aparentavam se boas e já comecei a pensar que, conseguidos alguns recursos, retornaria a Polônia, afim de dar início a uma nova vida na Pátria de origem.
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Para a nossa firma escolhi uma próxima estação onde principiava tuna no­va cidade. Fui com o sr. Lopacinski a localidade Roxoroiz e lá escolhemos uma casa de madeira con um armazem anexo. Adquirimos imediatamente. Reuni os meus pertences e transladei-os de carroça para a nova cidade e nova tarefa.
Nas velhas colônias de Malle, o movimento comercial não era mau, pois havia milhares de colonos espalhados pela região. Aqui  havia poucos colonos e em alguns dias ninguém aparecia  na cidade. A maioria era  composta de ca­boclos que cultivavam a terra de forma totalmente primitiva, não vinham co­mo acontecia nas plagas habitadas por poloneses,  fazer as suas compras nos armazens. 0 movimento comercial era pequeno e comecei a por duvidas se teria condições de ganhar o  sustento para a família,  embora às terras da região fossem  férteis.  Havia  falta de gente em condições de cultivá-las.
Passava  dias inteiros sentado a soleira da porta aguardando clien­tes. 0 arrependimento veio.  Em Male a vida era outra, o meio diferente. Aqui,  encontrava-me num verdadeiro deserto. Passaram-se os meses. Enquanto isso as colônias  superpovoadas da faixa de Curitiba principairam a buscar terras melhores,  aparecendo em Roxo roiz. Fiz propaganda afim de aliciar o maior nunero de imigrantes possivel. O clima    bom,  as terras férteis, agradavam,  de modo geral,  aos eolonos,  embora não tinham pressa em mudar, uma vez que estavam afeitos a localidade, a Igreja e a escola que possuíam em suas velhas colônias. Prometi-lhes um padre permanente para a cidade, bem como uma escola para as crianças e uma sociedade. Vieram alguns e depois ou­tros,  todos poloneses. Roxoroiz em pouco tempo foi colonizado.
Conforme a promessa  consegui um padre, os colonos com os recurso da venda de antigas propriedades, organizaram suas moradias. Desta forma formou-se um ambiente polonês. Vinham a Roxoroiz fazer suas conpras e pedir conselhos,  quanto a aquisição de terras.
Em momentos de folga visitava os colonos, apreciando seu trabalho na organização das novas propriedades, desbravando a floresta vir­gem. Percebi que havia uma grande diferença entre o imigrante recem vindo, sem dinheiro, sem o preparo para o tamanho da terra, sem os instrumentos adequados, sem a prática, sofrendo de saudade e nostalgia, cercados de es­tranhos e os colonos mais antigos estabelecidos aqui ha mais tempo.
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Os primeiros encontravam dificuldades em tudo. Tudo lhes era difícil. Os segundos faziam as coisa com naturalidade. 0 sol tropical fustigava com seus raios impiedosos os imigrantes retirando-lhes as energias para o labor. 0 imigrante mais antigo não sofria a inclemencia conseguindo descansar a sombra de árvores , ou em casa, trabalhando de madrugada e ao anoitecer.
Os prprios instrumentos agrícolas ao qual o imigran­te mais velho estava afeito, ajudava. 0 colono antigo, com os recursos, empregava outros meios, melhores, ao passo que o novo era obrigado a defender-se por sua conta e a sua maneira.
No decurso de um ano de trabalho os colonos velhos tinham os seus produtos agrícolas. 0 movimento do meu armazém melhorou consideravelmente As minhas relações com os recem - vindos eram excelentes. Era urgente organizar uma sociedade polonesa. Aqui termina a primeira parte do meu trabalho pionero e tem inívio uma nova fase em minha vida. Independente no setor econô­mico tive maiores oportunidades para me dodicar ao trabalho social:
Corria o ano de 1917.  Aqui ponho o ponto final na primeira parte de minhas memórias.
MARIANO HESSEL
Tradução: professor Francisco Dranka ( Curitiba, janeiro de 1970)
(Maszynopis)

Um comentário:

  1. Gostaria de comentar fatos a respeito de minha vida e meus familiares:Eu nasci na cidade de Marechal Mallet Pr.em 20.05.45 sou neto de Miguel Gryczak(avó) e filho de Boleslau Gryczak,moro em Guarapuava Pr. há 40 anos e gostaria de saber como meus bis-avo´s entrar no Brasil na época da revolucçao e ficou algum parente na Polonia. Abraço Vivaldi Gryczak

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