terça-feira, 14 de setembro de 2010

T.Chrostowski. Um naturalista polono-paranaense.


TADEUSZ CHROSTOWSKI
um naturalista polono-paranaense
Ruy C. Wachowicz
Segundo Mieczyslaw Lepecki1, oito foram as expedições científicas "stricto sensu" organizadas por poloneses para o Paraná. As duas primei­ras foram conduzidas pelo geólogo Jósef Siemiradzki ocorridas entre os anos de 1891 a 1896. A terceira, quarta e quinta foram organizadas pelo naturalista Tadeusz Chrostowski, a sexta também por um zoólogo: Szymon Tenenbaun no ano de 1923, a sétima pela antropóloga Michalina Isaakowa em 1926 - 28 e a oitava pelos faunistas Wenceslau Roszkowski e Janusz Nasta entre os anos de 1933 - 34.
As expedições ornitológicas de Tadeusz Chrostowski são o tema do presente artigo.
Chrostowski nasceu ao que parece em Varsóvia (arredores), a 25 de agosto de 1878, embora outros dados indiquem seu nascimento na localidade de Kamionce no distrito de Augustowski, mas na mesma data.
Após o serviço militar nas tropas do tzar. Chrostowski ingressou na Universidade de Moscou a fim de cursar Ciências Físicas e Naturais. Desde o tempo de estudante universitário, passou a ter uma vida política ideológica muito ativa. No segundo ano de seu curso, foi preso e conde­nado a três anos de desterro na Sibéria, por ter participado de uma conspiração contra o tzar. Cumpriu esta sentença na região da foz do rio Obi. Terminada a pena, foi recrutado pelo exército russo na qualidade de oficial da reserva e foi comandar um batalhão de infantaria na Mandchuria, na guerra da Rússia contra o Japão (1905). Mesmo estando na Ásia incorporou-se ao Partido Russo Social Revolucionário do Orien­te.
Em 1907, retornou à Polônia e concluiu estudos naturalistas já iniciados em Moscou. A obra dos naturalistas poloneses Konstanty Jelski. Jan Sztoleman. Jan Warszawiecz. Jan Kalinowski. Witold Szyslo e outros, serviram como um exemplo, que Chrostowski queria seguir. Na oportu­nidade, o principal problema de Chrostowski era de consciência: perma­necer na pátria ocupada significava publicar suas pesquisas em língua russa, o que o repugnava e revoltava. Que fazer?

1) LEPECKI. Mieczyslaw.   Parana i Polacy. Warszawa. Wiedza Powszechna. I962. p   101
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Escolheu o Paraná como campo de suas pesquisas. Após escrupu-losas economias, ali chegou em 1910, como imigrante. Estabeleceu-se na colônia Vera Guarani, na margem direita do rio Iguaçu. No lote de terreno recebido do governo brasileiro construiu um rancho de táboas lascadas de pinheiro, fez um cercado, plantou roça e construiu um apiário. Aos domingos e nas horas possíveis, fazia penetrações no sertão do médio Iguaçu e trazia espécimes da fauna paranaense. Dos pássaros e outros animais, retirava a película e os empalhava. Especial atenção dedicava à sua especialidade: a ornitologia.
Após alguns meses percebeu que era inaceitável e inconciliável a vida de agricultor com a de ornitólogo. Não sobrava tempo para suas pesquisas. Também achava inconciliável a vida de pesquisador com a de homem casado. Optou definitivamente pela ciência. Para resolver seu problema, desfez-se de sua propriedade e penetrou pelo vale do Ivaí até a foz do rio dos índios (pouco adiante da localiade de Ivaí).
Em fins de 1911, já era possuidor de uma apreciável coleção da fauna paranaense. Com essa retornou à Polônia. Conjuntamente com outro naturalista, Jan Sztoleman, publicou em 1912 artigo na revista “Warszawskie Towarzystwo Naukowe” (Sociedade Científica de Varsóvia) sob o título de ”Kolekcja ptaków parańskich zebrana w 1910 - 1911 r.”. (Coleção de pássaros paranaenses coletada em 1910 - 1911). Este artigo objetiva uma classificação dos pássaros das redondezas da localidade de Vera Guarani. Consta ser esse o primeiro trabalho de ornitologia dedicado exclusivamente ao Paraná.
Chrostowski esperava, ao voltar à Polônia, sensibilizar alguma insti­tuição que lhe financiasse seu retorno ao Paraná. Era-lhe muito difícil aceitar o fato de a família Branicki não seguir mais os ideais dos antepas­sados. Relegaram o Museu Natural da família a segundo plano e gastavam seu dinheiro em festas, com ares de aristocratas em Paris.
Em Varsóvia, Chrostowski conseguiu encontrar apenas um empre­go qualquer, sem correlação com a ornitologia. Nas horas vagas classifi­cava as amostras trazidas do Paraná, e forneceia exemplares ao Museu da família Branicki.
Mas, se na Polônia não encontrava apoio ao seu projeto, conseguiu sensibilizar ao professor bávaro Karol Hellmayer, ligado ao Museu de Mônaco. Este prometeu adquirir parte de sua coleta no Brasil. Com muito pouco dinheiro e com tal promessa, em 1913, retornou ao Brasil. Iniciou a sua segunda expedição ao Paraná.
Agora, seu método de pesquisa consistia primeiro em começar a pesquisar ao redor dos centros urbanos. Em seguida penetrar em direção ao oeste, até a desembocadura do rio Iguaçu, no Paraná. Era um imenso projeto de pesquisa com relação aos minúsculos fundos de que dispunha. Mas, seu autor acreditava na realização do mesmo.
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... em tradução...

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